terça-feira, 30 de março de 2010

Lembrança de Tadashi

No silêncio da noite, como a emergir da quietude, a lembrança de Tadashi Endo aflorou em minha mente.
A experiência de trabalhar com ele durante uma semana numa oficina de Butoh-Ma é indescritível.
Duas vezes nos encontramos em Barão Geraldo, num grupo muito especial na sede do Lume.
Durante um momento de intervalo, nos mostrou um vídeo, de um espetáculo em que ele dançava Ne me quitte pas. A coreografia era belíssima, mas o que a tornava extraordinária era o grau de sensibilidade com que ele traduzia a essencia da alma feminina e suas nuances mantendo a sua identidade. Era tão belo e intenso que chorei o tempo todo. Alguns anos depois, quando ele voltou ao Brasil, após a segunda oficina que fizemos, tivemos oportunidade de assistir o seu espetáculo em São Paulo. Ao final, a platéia pediu bis e ele aquiesceu...Se posicionou, olhou para mim, colocada numa fresta entre vários espectadores em pé e não repetiu nenhum número do espetáculo. Iniciou o Ne me quitte pas.
Suspenso no tempo, ele ficou, como a memória de todas as coisas que jamais se perdem no fragor da batalha.

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